Canetas

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Em diferentes épocas de minha vida ganhei três canetas, não as uso, porque são de marca, não lembro exatamente qual de duas, uma  Swarovski, uma suíça, outra francesa , foram caras, um bom motivo para guardar, será?! Esse pensamento insólito aconteceu ontem no meio de uma reunião, por que guardar?! Usei pouquíssimas vezes na vida, duas sequer usei, mas estou guardando para que?! Acho que guardo para ocasiões especiais.Temos essa mania de guardar coisas para uma ocasião especial, então estou aqui dizendo que não vou guardar mais nada, a ocasião especial é hoje, porque estou aqui, lúcida, íntegra e ganhei coisas pela vida porque algumas pessoas dispensaram seu precioso tempo para me dar um presente, agradeço, ganhar uma lembrança é muito bom, revive nossa criança interior, dar também é, saber que você tem a possibilidade de fazer uma pessoa feliz, ter esse pequeno poder em suas mãos, o da felicidade,  é poderoso. Lembro de um lençol que ganhei de casamento, foi ricamente bordado pela minha avó paterna para o seu enxoval, linho branco, peça importada da França, carreguei comigo anos, usei umas duas vezes, até que na mudança para Brasília foi perdido, a perda dói pelo significado sentimental, e porque quase não usei algo tão lindo. Vamos deixando partes de nós pela vida, algumas usadas, outras guardadas. Esse sentimento de usar me lembra a Cláudia tão fortemente, cada peça antiga encontrada fazia seus olhos brilharem, limpava, restaurava, usava… a maior parte dos móveis e decoração da sua casa surgiu de algum objeto que alguém dispensou, depois de anos guardado, e ela colocou para uso, cristaleira, mesa, cadeiras, cama, quadros, coisas que para nós seriam quinquilharias viraram jóias de ornamentação da casa. Tinha um bom gosto peculiar de aproveitar o guardado, coisas que eu não usava cedi para o seu uso. Fazíamos assim, eu dava algo, ela encontrava uma coisa que tinha certeza que eu iria gostar, não eram as coisas que importavam, era a nossa troca de sentimentos, sabíamos o que faria a outra feliz, um tônico de vida, pequenas alegrias. Não vou guardar mais nada, nem as canetas, lembrei da Cláudia, lembrei do sentimento de felicidade por usar um presente de uma amiga…