Tresloucada


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Tenho pensado muito naquilo que vou escrever, por mais que me sinta livre para te contar qualquer coisa, a forma que encontrei para falar contigo nesses meses é pública, sujeita a questionamentos, julgamentos, interpretações, eu sei o que escrevo, mas quem lê assimila a sua maneira, não é olho no olho… Outubro entrou com o ranso da coletiva sobre o teu caso, 2+2 deixou de ser quatro, virou, filosoficamente falando, qualquer número e resultado, qualquer coisa que as pessoas queiram… A acepção de tudo o que é dito, escrito, ouvido é pessoal, meu marido sempre diz que a verdade é individual, assim não temos uma verdade única, não é mesmo?! Como pegar o obscurantismo de tudo o que aconteceu e transformar numa verdade crível, mas o que aconteceu?! Estás viva, estás morta, fostes tirada a força de casa, saístes porta a fora num surto, estavas lúcida, estavas desacordada?! Não tenho resposta para nenhuma de minhas perguntas, nada está claro, não há pista alguma. Remoer minhas perguntas virou uma constante, acredito que para todos os teus próximos é assim, todos os dias, todas as horas… Vês como me tornei repetitiva?! Virou uma ruminação, sem nenhuma resposta! Assisti a um filme com a Catherine Deneuve, O Homem Que Elas Amavam Demais, seria apenas mais um filme, caso não abordasse o tema desaparecimento, me pegou de surpresa, era baseado em fatos reais, o da família Le Roux. Fiquei ali perplexa comparando tudo ao teu desaparecimento, tentando fazer uma analogia. Assim como eu há uma mulher que busca por respostas, mas é uma mãe, um sofrimento ímpar. Que aperto, ansiedade, medo… E se nunca tivermos uma resposta?! O “se” impera em nossas vidas no momento, brecou, tropeçou, empacou, parte segue, parte fica… Neste mês é o teu aniversário, me pergunto constantemente como será, nenhuma réplica… Senhor só uma resposta, só uma… O vazio ecoa fortemente, até a física faz sentido em alguns momentos, só temos o vácuo. Me pego tentando adivinhar qual seria a melhor resposta as minhas perguntas, te digo, seria saber que tivesses um lapso de memória, saístes porta a fora, tresloucada, vagando pelo mundo, sem memórias, sem ao menos saber quem és tu, livre, leve solta… Meu maior desejo, minha esperança…

6 pensamentos sobre “Tresloucada

  1. Quem dera Adriana se todas as pessoas pudessem olhar nos olhos e escutar o que o coração de cada um diz! Diante de tanta maledicência sempre recordo das palavras do Saramago: “As palavras proferidas pelo coração não têm língua que as articule. Retém-nas um nó na garganta e só nos olhos é que se pode ler.” Um grande e apertado abraço!

    • Saramago tem razão, porque realmente os olhos são a janela da alma, palavras ditas sem o coração são apenas palavras, mas podem ferir, ferir quem já está ferido. Beijos

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