Quando penso em tudo o que aconteceu é exatamente esse o sentimento que fica, difícil saber o que sobrou, o teu desaparecimento foi um vendaval, porque muita gente está sofrendo, muita coisa está quebrada, muitas vidas foram atingidas. Não conseguimos saber o porquê, nem entendemos o que causou, só se sabe que foi por motivo torpe… Estive com a tua mãe mais uma vez, falo com ela todas as semanas, mesmo sabendo que isso é uma migalha frente ao teu desaparecimento, mas são muitas as pessoas que tentam minimizar o sofrimento dela, amigos incríveis, estão ali do lado para dar suporte naquilo que ela precisar. Precisar mesmo ela precisaria de ti, mas isso se tornou impossível, né?! Me espanta a coragem dela e a força, está com 81 anos, Senhor, todos os dias cozinha e cuida da casa, me disse que não pode morrer, que ainda tem os que precisam dela, e tu sabes que realmente precisam, serias tu que poderias suprir a falta dela, mas não estás mais conosco… Fazes muita falta, muita mesmo, pela mulher que eras, pela profissional dedicada, pela mestre que te tornastes para os teus alunos, pela filha forte, pela amiga firme, para todos os que te amam fazes falta… Nenhum texto meu pode dar a dimensão da tragédia que foi o teu sumiço. Difícil saber que sobrou, além da dor…
Mês: março 2016
Navegar é preciso…
Quando a opção não existe há de se navegar… É assim que me sinto… Estou abrindo a pasta Pelotas e me preparando mais uma vez para chegar à cidade… Serão pouquíssimos dias, aproveito uma ida a Florianópolis para esticar mais ao sul. Por mais que eu pense e analise tudo antecipadamente, nunca estou preparada para enfrentar a minha cidade, há sempre o turbilhão de emoções e vivências dali, o passado teima em se tornar presente e não tenho mais a tua presença para dividir meus pensamentos. Então, resta pegar todo esse desassossego e transformar em coragem, porque navegar é preciso…
Dias cinzas
Ontem choveu muito por aqui, a cidade alagou, o trânsito ficou um caos, foi demorado chegar em casa, mais tempo para pensar dentro do carro, música ligada (sempre), chuva batendo forte e carro parado entre os demais… parece que nos dias cinzas é mais fácil divagar, e as recordações correm soltas. Logo pela manhã um colega teu da Universidade, o Pedro, lembrou o dia da mulher e lembrou também que uma coisa não podia ser esquecida, o teu desaparecimento. Quando cheguei em casa e fui procurar uma foto nossa juntas, é a mesma da sala da tua mãe, mas depois da minha mudança eu não sabia onde estava, encontrei na primeira pasta, foi fácil. Um dia publico aqui também. Os dias, semanas, meses tem sido de espera, longa, desgastante, que nos consome numa corrosão intensa e constante, mas ontem o dia era especial, da mulher, de comemorar conquistas e continuar exigindo respeito, essa palavra que não tiveram contigo, mas conseguistes o teu espaço e o teu brilho pelos teus méritos, não há sumiço que possa encobrir a tua importância, a tua luz e a tua lembrança. Para quem fez resta a sombra…
Não magoar
Quando resolvi escrever sobre ti no meu blog também resolvi que não escreveria sobre assuntos que pudessem te magoar, assim tenho tentado fazer, sempre pondero muito antes de escrever, não sei se atingi esse objetivo, mas creia-me tenho tentado sempre. Percebo que muitas pessoas gostariam que fosse diferente, alguns querendo que eu escancare, outros que eu me limite, não farei nem um, nem outro, seguirei a minha consciência e a minha lealdade a tua amizade, sempre!
1 ano
Este mês fará um ano que nos vimos pela última vez. Tanta coisa já aconteceu desde então… Fará um ano que a tua sala ficou pronta e jamais foi usada, fará um ano que fizestes a reforma do espaço da Biotecnologia com as tuas próprias mãos e jamais usastes… Todos podiam ver a tua felicidade, construindo o futuro, futuro esse que não usufruístes, mas todos sabem o quanto ele foi planejado, pensado e comemorado, o quanto estavas feliz e como sabias ser feliz por ti mesmo. Foi um mês e tanto para ti, especialmente bom. Vamos guardar conosco esse sorriso e essa garra, assim é a tua lembrança, sempre!