Havia tanta inocência em nós, tantos sonhos por realizar. Em outros tempos, quando nos conhecemos e a vida era leve, cheia de planos, de sorrisos e de poucas preocupações, de muita alegria, tínhamos o frescor da juventude. Nunca passaria pela minha cabeça e, tão pouco na tua, viver esse drama, era inimaginável. Eu sofro por aquilo que aconteceu contigo e sequer consigo imaginar o teu sofrimento, é demais… Prefiro nos relembrar há 30 anos, cheias de vida, com a exuberância que a juventude nos deu, repletas de utopias, todas alcançáveis, o idealismo nos levava. Essa dura realidade agora nos quebrou, te tirou a vida e nos marcou indelevelmente. A vida se tornou tortuosa, ardilosa, com seus percalços deixando pelo caminho projetos concebidos e as montanhas de nossos ideais, tão facilmente escaladas no frescor de nossos anos, se tornaram inalcançáveis, um Everest, distante para um reles humano. Como acreditar na humanidade?! Se o que te tirou de nós foi um motivo torpe… Sim, porque a falta de motivo só pode ser torpe. Não haverá resgate possível do outrora, a inocência se foi, o sonho acabou. Resta agora, no que era alegria, momentos de felicidade, e eles amenizam a dor, a falta, a saudade… A nós não cabe mais a ingenuidade de sermos felizes… Que o tempo nos cure…