Avenida Fernando Osório


Mais uma vez em Pelotas, eu ainda tenho medo de encarar a casa ao lado, porque a dor é instantânea.

Existe uma grande diferença no meu olhar ali agora. Antes primavera, agora constante inverno, como as pinturas de Monet, retratando as diversas estações no Jardim de Giverny, mas não há beleza no inverno que se instalou na Fernando Osório.

Dona Zilá abriu a porta para mim, minha filha e meus netos. Logo de cara pude perceber a fragilidade em que se encontra.

Agora usa um andador para se deslocar pela casa e tem sérias limitações de movimentos. A coluna sofre para sustentar seu frágil corpo.

Ao entrar olho para parede onde está o quadro de tulipas pintado pela Cláudia. Pela sala diversas fotografias dela, de muitas épocas.

A conversa é triste, restaram muitos dissabores, além do amargo desaparecimento da minha amiga. 

Quanta diferença! Há 30 anos, quando chegávamos com o meu Fiat 147, estacionávamos em frente à casa e as crianças corriam para brincar no pátio, ensolarado, cuidado e florido.

S. Arlindo cuidando das árvores e das plantas. D. Zilá fazendo pão-de-ló ou outras gostosuras para o café da tarde de sábado.

Meus netos também brincaram no pátio com a Prenda, a pointer mansa e brincalhona e com a Natalina, gata resgatada pela Cláudia, numa noite de forte chuva de natal, em São José do Norte.

Resgatar animais fragilizados ou feridos, muitos deles atropelados em frente a sua casa, avenida de grande movimento, era uma das qualidades da Cláudia, cuidava deles que, por fim, passavam a morar ali.

São muitas recordações, depois de cada viagem elas voltam avassaladoras.

Não vou mais ao pátio, prefiro me lembrar como era, com a presença dela ali, cuidando de tudo e muito chimarrão entremeando nossas conversas.

5 pensamentos sobre “Avenida Fernando Osório

    • Muito triste ao ler seus textos.Um sentimento de muita saudades.Ela d.Zilá deve sofrer muito.Ingratidão e o termo correto para falar desta mãe. Não saber o que aconteceu.. Os psicopatas ainda SOLTOS. Impunidade. Claudia onde estiveres que tenhas muita luz.Nao te esqueceremos.

  1. Fico muito triste em ler esses relatos… não conheci Claudia… Mas parece que a cada momento de sua vida se estendeu nas emoções das pessoas, porque que cada um tem aquele sentimento de que falta um desfecho para que possa ao menos descansar seu espírito… e o que não quer calar justiça por favor

  2. Tbm não conheçi Claudia ,vejo vários comentários… sou natural cidade Pelotas RS alguém pode informar o que aconteceu com Cláudia ??fico aguardo obd

    • A professora da UFPel, CLÁUDIA PINHO HARTLEBEN, está desaparecida desde o dia 09 de abril de 2015, em Pelotas, no Rio Grande do Sul.
      Médica Veterinária, Mestre em Medicina Veterinária e Doutora em Biotecnologia pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Professor Adjunto do Centro de Desenvolvimento Tecnológico (CDTEC/UFPEL) onde atua nos cursos de Graduação em Biotecnologia, Pós-Graduação em Biotecnologia/UFPel e Pós-Graduação em Parasitologia/UFPel. Lidera o grupo de pesquisa em Imunodiagnóstico onde busca o desenvolvimento tecnológico em geração de produtos e processos inovadores aplicados ao diagnóstico de enfermidades humanas e dos animais. Presidente da Comissão Interna de Biossegurança (UFPel) e Membro da Comissão de Ética em Experimentação Animal (UFPel). Integrante dos colegiados de curso de Graduação e Pós-Graduação em Biotecnologia. Ministra aulas nas disciplinas de Biossegurança, Microbiologia e Imunodiagnóstico. Tem experiência na área de Microbiologia e Imunologia Aplicada, atuando principalmente nos seguintes temas: Produção de Anticorpos Monoclonais e Desenvolvimento de Testes de Diagnóstico.

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