5 anos

Hoje faz exatamente 5 anos que nos vimos pela última vez, jantamos uma pizza, antes que eu retornasse a Brasília.

Usavas essa roupa, foto tirada no laboratório, antes de sair para a pizzaria. Não sei se a foto é do Tiago ou da Francine. Estavas muito feliz, o novo laboratório ficara pronto.

Ainda sinto a tua mão no meu cabelo brincando: “comadre acho que nunca te vi de cabelo tão comprido”. Realmente, sempre usei mais curto.

Ainda faço coisas estranhas, como procurar mensagens tuas, nas lembranças do Facebook. Qualquer palavra me conforta.

Pequenos acontecimentos me levam para ti, uma marca de carro, uma foto da tua marca favorita de bota…

E, agora, nessa pandemia, penso em tudo que estarias fazendo na biotecnologia.

Sabe, amar também dói, quando a impotência toma conta, quando tudo o que foi feito não foi suficiente.

Sempre sinto a tua falta, aí rezo uma Ave Maria, para te enviar luz, para que continues sempre sorrindo, como nesse momento do click.

Em tempos de coronavírus

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Este texto é uma breve homenagem a tua excelência como cientista.

Se tem alguma coisa que eu aprendi contigo foi lidar com germes, vírus e bactérias.

Me dizias: se tu tiveres uma única opção de lavar a mão, ao usar o banheiro, faz ao entrar, para não te contaminares intimamente, ao sair procura algum lugar em que possas lavar a mão. Porque somos mulheres, é inevitável não se contaminar ao usar papel higiênico.

Muitas vezes, com a minha mãe hospitalizada, ficava na tua casa. Ao entrar, sempre pela porta dos fundos, já tirava as roupas usadas no hospital e colocava na máquina de lavar. Ía ao banheiro, do lado, um banho, faria a “desinfecção” final, antes de adentrar à casa.

As compras empacotadas do supermercado, em embalagens plásticas, eram colocadas direto para pia, para serem lavadas, porque muitas pessoas já as haviam tocado, deixando suas marcas e germes. Assim se preservava a geladeira e a própria comida, que seria ingerida no futuro, de contaminação.

Acho que serias fundamental em época de coronavírus, terias tanto a nos ensinar…

Falo ao rever o teu breve currículo, que publiquei no blog, a tua liderança no grupo de pesquisa em Imunodiagnóstico, a busca do desenvolvimento tecnológico em geração de produtos e processos inovadores aplicados ao diagnóstico de enfermidades humanas e dos animais.

A vasta experiência na área de Microbiologia e Imunologia Aplicada, principalmente nos temas: Produção de Anticorpos Monoclonais e Desenvolvimento de Testes de Diagnóstico. Serias do Balacobaco… Estarias a frente de pesquisas, pronta para atuar no enfrentamento dessa crise.

E eu teria a quem recorrer, diria: comadre, ficarei reclusa 60 dias em casa, sabes da imunodeficiência. O que eu faço agora?!

Nunca terei essa resposta, me resta pensar em ti e naquilo que me ensinastes, enquanto estivemos juntas no mundo.