
Esse é um texto de saudades e desabafos…
Senti tanta a tua falta, quando mudei para Brasília. Trocávamos cartas, era 1990, só tínhamos os correios e o telefone.
Éramos irmãs inseparáveis, final de semana, aniversário das crianças (as minhas), torcida nas carreiras, sair para compras, tomar café, lagartear com chimarrão, conversar a noite inteira… Andar de bicicleta pelo Laranjal.
A vida foi acontecendo para nós duas, mas os laços da amizade se fortaleceram na distância.
Laços que permitiam inclusive a respeitosa discordância. Continuávamos amigas e confidentes.
Lembro do orgulho recíproco por cada conquista nossa. Na dúvida, na hora das decisões, quantas vezes sentamos, para discutir o melhor caminho a seguir.
Estive contigo quando fostes buscar o primeiro carro comprado, coincidiu com uma ida a Pelotas. Amavas dirigir!
Ainda lembro do telefonema do meu filho, de madrugada, avisando, mãe a tia Cláudia está desaparecida. Nunca mais teríamos o teu sorriso.
No primeiro ano sobrevivi no automático. Minhas forças emocionais eram apenas para te defender.
Sim, eras atacada constantemente, na dignidade e honra.
Conheci o pior das pessoas nesse momento de dor. Ainda tento entender o porquê, em meio a tanto sofrimento, enfrentar tantas mentiras. Fiz uma pasta no computador de prints desonestos e enganosos.
As pessoas ignoram que nós, que sempre te amamos, lemos as atrocidades que escrevem sobre ti ou quando friamente descrevem o que provavelmente aconteceu contigo.
Sobrevivi, sobrevivemos a tua falta, nunca aceitamos, ficou o vazio, o interno e o externo.
Enxergamos e acompanhamos, há algum tempo, o mundo que te rodeava em decadência, resta a vontade de chorar…