Funeral blues by W. H Auden, um dos poemas mais lindos…
Parem todos os relógios, desliguem o telefone, Evitem o latido do cachorro com seu osso suculento, Silenciem os pianos e com tambores lentos Tragam o caixão, deixem que o luto chore.
Deixem que os aviões voem em círculos altos Riscando no céu a mensagem Ele Está Morto, Ponham gravatas beges no pescoço dos pombos brancos do chão, Deixem que os guardas de trânsito usem luvas pretas de algodão.
Ele era meu Norte, meu Sul, meu Leste e Oeste, Minha semana útil e meu domingo inerte, Meu meio-dia, minha meia-noite, minha canção, meu papo, Achei que o amor fosse para sempre: Eu estava errado.
As estrelas não são necessárias: retirem cada uma delas; Empacotem a lua e façam o sol desmanchar; Esvaziem o oceano e varram as florestas; Pois nada no momento pode algum bem causar.
Tem muito tempo que eu não te escrevo, mas não tem dia, nenhum, que não penso em ti. Na pandemia mais ainda.
Nas coisa mais bobas, lembrando quando dizias que as coisas de vidro são os melhores utensílios, é só lavar, não deixa resíduos.
Acompanhando os professores da UFPEL, na lista dos 10 mil mais importantes do mundo,vários colegas teus. Penso que estarias nessa lista também, com certeza.
Aí chegou o dia 29.
Conversei ontem com a tua mãe, falamos em ti, no teu aniversário. Ela chorou emocionada, eu com ela. Dias difíceis…
Ela não te escreve mais, porque as mãos perderam a destreza, pensa o tempo todo em ti.
Então, queria te dizer que estamos sempre contigo e eu, apesar de escrever muito pouco, continuo te carregando no meu coração, para sempre.
Hoje quero pedir a todos o que a tua mãe sempre me pediu, luz!
Me disse que agora não quer mais saber onde está o teu corpo. Quer te recordar, lembrar como tu eras, não deseja ver o teus restos, seria muito sofrimento.
Diz, mais uma vez, ela agora precisa de luz!
Fala que a justiça não trará mudanças para sua vida, não irá pedir por justiça, já o fez, acredita na justiça divina.
Gostaria de pedir a todos oração, que orem por ti. Acredita na outra dimensão, nessa nova etapa de tua vida. A fé lhe diz que estás bem e, nela, o que tu mais precisas é que teus caminhos sejam iluminados.
Ela sabe que estás linda, vestida toda de azul, iluminada, como a espiritualidade já lhe disse.
Hoje o meu presente para ti é seguir os desejos da tua mãe te envio as minhas orações. Sei que o teus caminhos sempre serão iluminados por Maria santíssima e pelo seu filho.
Cláudia, minha filha, em um domingo de outubro, de 1967, Deus colocava em nosso lar uma estrelinha, veio fazer a nossa vida brilhar.
Seu brilho ainda era fraco, a partir daí, conforme passava o tempo, seu brilho começou a aumentar e se tornou muito especial, iluminando a todos que precisavam de um raiozinho de luz.
Ela era forte, vencia todos os obstáculos, ajudando sempre a todos, se tornando uma estrela de primeira grandeza, se tornou muito especial.
Um dia a maldade terminou a sua caminhada aqui na terra, mas não apagou o seu brilho, continuando agora a brilhar no outro plano.
Filha parabéns pelo teu aniversário, que todos os teus amigos e teus amores estejam contigo, que a primavera encha o teu caminho de flores coloridas e muita grama verde. Aqui filha as nogueiras estão brotando e ficando verdes, em pouco tempo darão muita sombra.
Tu sempre fazes parte de todos os nossos momentos, mandando a tua luz que sempre nos emociona.
Que Jesus te abençoe e te guarde e que Maria Santíssima te cubra com seu sagrado manto.
A Cláudia sempre estará conosco, nós que a amamos tanto.
Não escrevo sobre justiça, a pedido da dona Zilá, peço luz, oração.
Aqui vai um breve histórico, sobre os tempos de desaparecimento da Cláudia.
Quando a Cláudia desapareceu foram dias sombrios, cheios de dúvida, incertezas, onde ela estaria, com quem estaria. Qual o motivo do seu desaparecimento e, durante meses, acreditamos que ela estava viva, apenas desaparecida, não porque quisesse, mas por que havia sido levada a força.
A família, os amigos a procuraram durante meses. Qualquer pista era seguida ansiosa e minuciosamente.
Foram quilômetros dirigidos pela cidade, pelo entorno, pelo campo, pela cidades vizinhas. Enquanto, a esperança ia se diluindo e a tristeza e o desespero se instalavam e aumentavam, dia-a-dia.
Quando se esgotaram todas as tentativas, não tínhamos mais o que fazer, foi contratada uma empresa de investigação e nenhuma pista foi encontrada.
Mais uma vez momento de desespero.
Além deste sofrimento, enfrentávamos a calúnia e as fofocas. Procurando defender a sua reputação com unhas e dentes, foram dias tristes, inacreditáveis.
Não era só o desaparecimento, tínhamos pela frente a morbidez dos ditos humanos do bem.
O tempo passou, nunca nos acostumamos com teu desaparecimento, vivemos com essa tragédia em nossas vidas, com a eterna lembrança da tua presença.
Dona Zilá, pessoa de fé inabalável, em nossas conversas me diz que quer te guardar como eras. Não quer ver os teus restos mortais, que estás numa nova etapa, nessa nova vida apenas necessitas de luz e orações.
Ela, mais do que ninguém, enfrenta a dor do teu desaparecimento. Ela, mais do que ninguém, pode pedir por ti. Só ela vive intensamente o fato de não ter mais a filha presente em sua vida, só ela tem o direito de dizer o que quer da vida que lhe resta.
Nós, que te amamos tanto, seguimos o pedido dela, D. Zilá pede luz e orações para a Cláudia.
A mãe da Claudia, D. Zilá, está emocionada com a homenagem feita pela prefeitura de Pelotas à sua filha, no último dia 24, quando participou online e proferiu palavras de agradecimento à prefeita Paula e ao Secretário José Olavo.
O Dr. José Olavo, ao assumir a Secretaria de Assistência Social, do município de Pelotas, solicitou, a prefeita Paula Schild Mascarenhas, um decreto que desse regulamentação formal ao Centro de referência à mulher vítima de violência, sugerindo o nome de uma mulher símbolo de cidadã, em Pelotas, para intitular a instituição.
O Centro de referência da mulher vítima de violência já existia há algum tempo em Pelotas, mas não havia um decreto regulamentar. Ao levar o decreto para a prefeita, Paula Schild Mascarenhas, foram sugeridos alguns nomes e houve o entendimento que o nome da professora Cláudia Pinho Hartleben seria representativo ao combate à violência contra a mulher.
O Dr. José Olavo sempre trabalhou frente a Procuradoria no processo de busca pela justiça à professora Cláudia e enfatizou a importância da escolha do nome. O decreto foi assinado no dia 24 de setembro de 2020.
O Centro de referência às mulheres vítimas de violência atende as mulheres encaminhadas pela delegacia da mulher, pelo juizado de combate à violência, mulheres que procuram o centro. São atendidas por psicólogas, assistentes sociais, encaminhadas para proteção, recebem orientação jurídica e social, tem um atendimento devido para aquilo que necessitam.
O Dr. José Olavo salientou a emoção de todos na secretaria em saber que o nome da Professora Cláudia Pinho Hartleben agora se encontra perpetuado, na cidade de Pelotas, intitulando o Centro.
Serão duas instituições importantes no combate à violência contra a mulher em Pelotas, o Centro Cláudia Pinho Hartleben e a Casa de Acolhida Luciéty Mascarenhas, outra mulher vítima de violência.
O Dr. José Olavo também enfatizou que não há crime perfeito e que um dia o crime da professora Claudia será solucionado.
Falou que foi um ato de um momento histórico e justa homenagem à professora, que se dedicou a vida a educação, era referência no seu trabalho e como cidadã. Disse, ainda, que a professora Cláudia, é uma vítima, o seu caso uma referência nacional, ela representa a mulher pelotense, no combate à violência contra a mulher.
Claudia minha filha, mais um dia nove (para nos lembrar aquela data).
Felizmente, já estamos deixando isso de lado e procurando pensar na verdadeira vida, a espiritual.
Como estás filha? Já galgastes lugares com luz e paz graças a Deus, não é filha?!
Soube que estás estudando, como aqui na terra, não conseguias estar sem estudar. É uma condição do teu espírito.
Te imagino em um lugar gostoso para o teu espírito, florido e com muito verde. A temperatura ideal para usares as tuas camisas brancas, com uma malha solta por cima.
Teus cabelos lindos caindo nos ombros, com aquele brilho de sempre.
Muitos irmãos companheiros e tu, com aquela facilidade para fazer amigos, fazendo parte da tua caminhada.
Te imaginando assim, usufruindo só do que é bom e eu aqui, com uma saudade triste, com o gostinho de muito amor por ti, esperando conformação na fé em Deus.
Peço a Ele que que te abençoe e te guarde e que Maria santíssima ilumine o teu caminho, com as estrelas do seu manto.
Cinco anos e dois meses do trágico acontecimento sofrido por ti.
Como sofro cada vez mais.
Me sentei no teu banco de embalo e chorei muito. A grama verde, cheia de sol, o chão era um carpete de folhas secas caídas das Nogueiras, que já estão dando nozes.
Me lembrei de ti e do teu pai, que dizia que lá era a nossa riqueza.
Depois filha passou para ti adorar os fundos e fazer tudo para que ficasse cada vez mais lindo. O Pergolado e a piscina e tudo mais.
Que Jesus te abençoe e te guarde e que Maria ilumine o teu caminho, com as estrelas do seu manto.
Há cinco anos que a tua janela está fechada. As roupas, que penduravas na veneziana, para pegar sol, não estão mais ali, mas o meu coração se alegra, porque sei que estás cheia de paz e luz.
Não estás mais participando das dificuldades deste planeta.
Filha, vem me dizer, no meu sono, como está a tua caminhada. Aqui estamos de quarentena, já faz quase um mês e ainda vai mais tempo.
Daí onde tu estás me cuida filha! A saudade cada vez aumenta mais.
Rogamos a Deus que te abençoe e te guarde e que Maria passe na tua frente e vá deixando, no teu caminho, as estrelas do seu manto.
Paz e luz filha, te amamos!
Mãe
P.S.: Filha, a fotografia que agora eu tenho, na minha cabeceira, és tu, com 3 anos, varrendo a cozinha. É assim que eu te imagino agora… um anjo! (com um sorriso a coisa mais linda)
Senti tanta a tua falta, quando mudei para Brasília. Trocávamos cartas, era 1990, só tínhamos os correios e o telefone.
Éramos irmãs inseparáveis, final de semana, aniversário das crianças (as minhas), torcida nas carreiras, sair para compras, tomar café, lagartear com chimarrão, conversar a noite inteira… Andar de bicicleta pelo Laranjal.
A vida foi acontecendo para nós duas, mas os laços da amizade se fortaleceram na distância.
Laços que permitiam inclusive a respeitosa discordância. Continuávamos amigas e confidentes.
Lembro do orgulho recíproco por cada conquista nossa. Na dúvida, na hora das decisões, quantas vezes sentamos, para discutir o melhor caminho a seguir.
Estive contigo quando fostes buscar o primeiro carro comprado, coincidiu com uma ida a Pelotas. Amavas dirigir!
Ainda lembro do telefonema do meu filho, de madrugada, avisando, mãe a tia Cláudia está desaparecida. Nunca mais teríamos o teu sorriso.
No primeiro ano sobrevivi no automático. Minhas forças emocionais eram apenas para te defender.
Sim, eras atacada constantemente, na dignidade e honra.
Conheci o pior das pessoas nesse momento de dor. Ainda tento entender o porquê, em meio a tanto sofrimento, enfrentar tantas mentiras. Fiz uma pasta no computador de prints desonestos e enganosos.
As pessoas ignoram que nós, que sempre te amamos, lemos as atrocidades que escrevem sobre ti ou quando friamente descrevem o que provavelmente aconteceu contigo.
Sobrevivi, sobrevivemos a tua falta, nunca aceitamos, ficou o vazio, o interno e o externo.
Enxergamos e acompanhamos, há algum tempo, o mundo que te rodeava em decadência, resta a vontade de chorar…
Cláudia, abril sempre será, para mim, um mês difícil, mês da morte do meu pai, dia 13 e, agora, o dia 9, que ficou marcado para sempre, porque te tiraram de nós. Para mim é um mês triste…
Assisti The Forgiven, um filme, parte de uma das missões mais difíceis dadas por Nelson Mandela ao arcebispo Desmon Tutu, comandar a comissão de reconciliação entre torturados e torturadores na África do Sul, a TRC, para restaurar a justiça, depois do Apartheid.
Chorei horrores, porque lidar com a nossa incapacidade, inércia e impotência é muito difícil, dar o perdão cristão mais ainda.
Este filme veio numa hora fundamental, ele me lembrou de tudo que o ser humano é capaz de fazer tanto de bem quanto de mal.
O que mais doeu em mim e me fez desabar ao assistir esse filme foi uma mãe pedindo ao arcebispo que, por favor, encontrasse…
Hoje faz exatamente 5 anos que nos vimos pela última vez, jantamos uma pizza, antes que eu retornasse a Brasília.
Usavas essa roupa, foto tirada no laboratório, antes de sair para a pizzaria. Não sei se a foto é do Tiago ou da Francine. Estavas muito feliz, o novo laboratório ficara pronto.
Ainda sinto a tua mão no meu cabelo brincando: “comadre acho que nunca te vi de cabelo tão comprido”. Realmente, sempre usei mais curto.
Ainda faço coisas estranhas, como procurar mensagens tuas, nas lembranças do Facebook. Qualquer palavra me conforta.
Pequenos acontecimentos me levam para ti, uma marca de carro, uma foto da tua marca favorita de bota…
E, agora, nessa pandemia, penso em tudo que estarias fazendo na biotecnologia.
Sabe, amar também dói, quando a impotência toma conta, quando tudo o que foi feito não foi suficiente.
Sempre sinto a tua falta, aí rezo uma Ave Maria, para te enviar luz, para que continues sempre sorrindo, como nesse momento do click.
Este texto é uma breve homenagem a tua excelência como cientista.
Se tem alguma coisa que eu aprendi contigo foi lidar com germes, vírus e bactérias.
Me dizias: se tu tiveres uma única opção de lavar a mão, ao usar o banheiro, faz ao entrar, para não te contaminares intimamente, ao sair procura algum lugar em que possas lavar a mão. Porque somos mulheres, é inevitável não se contaminar ao usar papel higiênico.
Muitas vezes, com a minha mãe hospitalizada, ficava na tua casa. Ao entrar, sempre pela porta dos fundos, já tirava as roupas usadas no hospital e colocava na máquina de lavar. Ía ao banheiro, do lado, um banho, faria a “desinfecção” final, antes de adentrar à casa.
As compras empacotadas do supermercado, em embalagens plásticas, eram colocadas direto para pia, para serem lavadas, porque muitas pessoas já as haviam tocado, deixando suas marcas e germes. Assim se preservava a geladeira e a própria comida, que seria ingerida no futuro, de contaminação.
Acho que serias fundamental em época de coronavírus, terias tanto a nos ensinar…
Falo ao rever o teu breve currículo, que publiquei no blog, a tua liderança no grupo de pesquisa em Imunodiagnóstico, a busca do desenvolvimento tecnológico em geração de produtos e processos inovadores aplicados ao diagnóstico de enfermidades humanas e dos animais.
A vasta experiência na área de Microbiologia e Imunologia Aplicada, principalmente nos temas: Produção de Anticorpos Monoclonais e Desenvolvimento de Testes de Diagnóstico. Serias do Balacobaco… Estarias a frente de pesquisas, pronta para atuar no enfrentamento dessa crise.
E eu teria a quem recorrer, diria: comadre, ficarei reclusa 60 dias em casa, sabes da imunodeficiência. O que eu faço agora?!
Nunca terei essa resposta, me resta pensar em ti e naquilo que me ensinastes, enquanto estivemos juntas no mundo.
Mais uma vez em Pelotas, eu ainda tenho medo de encarar a casa ao lado, porque a dor é instantânea.
Existe uma grande diferença no meu olhar ali agora. Antes primavera, agora constante inverno, como as pinturas de Monet, retratando as diversas estações no Jardim de Giverny, mas não há beleza no inverno que se instalou na Fernando Osório.
Dona Zilá abriu a porta para mim, minha filha e meus netos. Logo de cara pude perceber a fragilidade em que se encontra.
Agora usa um andador para se deslocar pela casa e tem sérias limitações de movimentos. A coluna sofre para sustentar seu frágil corpo.
Ao entrar olho para parede onde está o quadro de tulipas pintado pela Cláudia. Pela sala diversas fotografias dela, de muitas épocas.
A conversa é triste, restaram muitos dissabores, além do amargo desaparecimento da minha amiga. 
Quanta diferença! Há 30 anos, quando chegávamos com o meu Fiat 147, estacionávamos em frente à casa e as crianças corriam para brincar no pátio, ensolarado, cuidado e florido.
S. Arlindo cuidando das árvores e das plantas. D. Zilá fazendo pão-de-ló ou outras gostosuras para o café da tarde de sábado.
Meus netos também brincaram no pátio com a Prenda, a pointer mansa e brincalhona e com a Natalina, gata resgatada pela Cláudia, numa noite de forte chuva de natal, em São José do Norte.
Resgatar animais fragilizados ou feridos, muitos deles atropelados em frente a sua casa, avenida de grande movimento, era uma das qualidades da Cláudia, cuidava deles que, por fim, passavam a morar ali.
São muitas recordações, depois de cada viagem elas voltam avassaladoras.
Não vou mais ao pátio, prefiro me lembrar como era, com a presença dela ali, cuidando de tudo e muito chimarrão entremeando nossas conversas.
Claudia minha filha, em um domingo de outubro, de 1967, nascia em nosso jardim uma flor.
Ela era a mais bela.
Há poucos anos atrás ela plantava, nesse mesmo jardim, um pé de lavanda.
Hoje que ela não está mais aqui, ficou o perfume lindo dessa lavanda, para perfumar a nossa vida e nos emocionar e nos trazer a saudade da sua presença.
Fazes parte de tudo aqui filha.
Que Jesus te abençoe e te guarde e que Maria passe na tua frente e vá deixando, no teu caminho, as estrelas do seu manto.
Mais um aniversário de muita saudade, não tem dia em que eu não pense em ti.
Nenhuma palavra pode traduzir a falta que sentimos.
O ciclo não se fechou, sonhos foram interrompidos, com a dolorida saída tua de nossas vidas.
Desejo que estejas bem, dentro da tua crença que, ao desencarnar, serias acolhida pelos teus espíritos de luz. Somente no teu espiritismo conseguimos justificar o teu desaparecimento de nossas vidas.
Por aqui a vida continua, mas ficou o vazio da tua ausência e de tudo o que poderia ter sido.
Feliz aniversário minha amiga, que sejas luz sempre!
Estou em Pelotas e, como sempre, fui fazer uma visita para D. Zilá.
Passamos a tarde juntas, tomamos café, conversamos bastante. Sempre que aqui venho é assim.
Fico impressionada com a força moral e a dignidade desta mulher, apesar da fragilidade dos 84 anos vividos.
As doenças das articulações, dos ossos, já se instalaram. Os problemas da coluna lhe causam dor e a escrita já está trêmula.
Mesmo assim mantém a sua independência, coordena a casa, com ajuda de uma faxineira semanal e dirige seu carro pela cidade, cumprindo seus compromissos.
Quanta força em uma única e pequena mulher.
Fotografei as cartas dela para Cláudia, para poder transcrevê-las aqui no blog. Assim teremos, ao menos, o registro do seu carinho e amor pela filha.
Cláudia minha filha, a Maria Júlia me disse: quer coisa ou motivo maior ou melhor que saber que os que amamos estão bem?!Procura a renovação mental, pensando em todas as coisas boas que vivencias no momento.
A justiça dos homens não é a justiça de Deus, então é preciso que vivas esses bons momentos na tua vida e deixa que aquelas folhas que se vão vão vão…
A alegria e a emoção me invadiram naquele momento, em saber que estás usufruindo tudo de bom que plantastes aqui na terra.
Aqui as homenagens se sucedem, nos enchendo de orgulho.
O nosso reencontro será lindo! Que Deus me ajude que eu consiga ir para onde estás filha.
A tua Paineira está toda florida e as Nogueiras cheias de frutos. Estás aqui em todos os lugares e momentos!
Te amo filha!
Que Jesus te abençoe e te guarde e Maria Santíssima te cubra com seu Sagrado manto.
É assim que eu quero lembrar sempre de ti, com esse sorriso largo e feliz.
Dia 19 de março, o processo do teu desaparecimento foi arquivado. Naquela noite, a tua mãe escreveu um texto pra ti e para todos os que acompanham o teu caso, para começarmos uma nova etapa, a de paz, luz e orações por ti.
Tu eras uma pessoa de fé, congregavas a fé espírita. Eu, hoje, quero me colocar no teu lugar e no da tua mãe. Olhar tudo o que aconteceu pelos teus olhos e pensar no que tu, como mãe, gostarias que tivesse acontecido.
E, pensando em ti, em tudo o que vivemos, em mais de 30 anos de amizade, acredito que me dirias, assim foi melhor.
Sabemos que na doutrina espírita sempre viemos juntos, para algum resgate, crescimento e, eu diria, nos meus parcos conhecimentos, em comparação aos teus, que também para a justiça de vidas passadas.
A tua mãe me confidenciou que não conseguiria ver o neto sendo preso e na cadeia. Só ela sabe a dor que foi te perder, só ela carrega essa cruz, por ela tenho o máximo respeito, por toda a dignidade perante a dor. Também me disse, a Cláudia nunca poderia ver isso.
O que as pessoas pensam disso já não importa, o que importa é o bem estar da tua mãe. Então a frase doa a quem doer fica sem sentido, porque quem está carregando esta dor é a tua mãe. Também dói em nós, mas é ela que sente a tua falta todos os dias, o sofrimento imenso é dela.
Se houver julgamentos públicos pela decisão da D. Zilá, que venham, independente de tudo o que aconteceu nesses 4 anos, todas as ações tomadas pela família e pelos amigos sempre foram julgadas. Seguimos em frente, sempre foi pela Cláudia…
Essa falta justiça terrena me faz crer que assim desejastes, precisas agora do teu descanso, como me disse a tua mãe. Por isso te ofereço as minhas orações, para que encontres a tua luz e o teu caminho espiritual.
Que o teu espírito fique em paz minha amada amiga e irmã!
Adepta da CozinhaTerapia desde os 11 anos. Compartilhando meus pratos preferidos do interior de São Paulo para o mundo. Porque a cozinha rompe fronteiras e tempera vidas!
Um pouco de poesia, um tanto de poemas, outros de ilustrações, sem esquecer da fotografia e muito mais de arte. Produção de GeraldoCunha autor da obra Improváveis - Livro de Poemas, edição 2021. Contato pelo instagram @divagacoes.geraldocunha