Carta da D. Zilá para sua filha Cláudia – 29/10/2017

Claudia minha filha, 29/10/2017, há  cinquenta anos Deus colocava dentro do nosso lar uma estrela e junto com ela a luz, o amor e a felicidade.

No teu álbum de bebê escrevi este pensamento: trabalha, estuda e ama, pois do trabalho vem o progresso, do estudo a luz e do amor a felicidade. Conquistastes tudo isso, eras a nossa menina de domingo.

Ficastes no lugar do teu pai, nos davas amparo e segurança, mas um dia a maldade te tirou de dentro da tua casa e te tirou também a vida, aquela que só Deus podia tirá-la.

Continuas conosco filha, em cada árvore, em cada flor.

Que Jesus te abençoe e te guarde e Maria santíssima te cubra com seu sagrado manto, te amamos!

Mãe.

Mais um aniversário, sem parabéns e sem felicidades!

Desde que começou o mês eu já chorei muitas vezes, chorei de saudade, chorei porque eu não consigo falar contigo, chorei porque um desaparecimento não é um final, é uma eterna lembrança doída e corroída, porque eu não sei onde tu estás, porque eu não sei o que fizeram contigo e porque dói, dói muito.

Também chorei por ler aquele texto lindo e maravilhoso da Francine em tua homenagem no dia dos professores.

Ali foi uma saudade imensa. Ela conseguiu te traduzir, dignificar a linda pessoa que tu eras, mesmo com toda a firmeza que as vezes tu impunhas a quem estava ao teu redor, pela tua nobreza de caráter e pelos teus valores.

Não vai ter festa, não vai ter parabéns. Haverá muita lembrança, de muitas pessoas que te amam e que ainda lutam por ti. De outros que sequer te conheceram, mas aprenderam a te respeitar e também lutam por ti.

Esse dia sempre será especial, para todo sempre Claudia, uma memória eterna, uma irmã para toda a vida!

Dia do professor – de Francine Sinnott para Cláudia Hartleben

Francine Sinnott para Desaparecida Claudia Hartleben.

Dia do professor…hoje não têm como não lembrar da professora mais importante da minha vida…aquela que acreditou em mim…que me deu a oportunidade que muitos outros negaram…que não levou só o “curriculo” em conta…a que levou em conta foi a minha dedicação e o meu desejo para que a pós-graduação fosse uma realidade…falar da Cláudia é um misto de sentimentos…ela foi a pessoa mais humana que eu conheci…a mais exigente também…a pessoa que cobrava, que brigava, que ensinava e que te amava…era sempre muito evidente nas suas preferências…não mandava recado…quando tinha que falar, falava…doa a quem doer…ela era verdadeira…era a professora parceira…os alunos a amavam por isso…”churrasco? Pode ser lá em casa” ela sempre dizia…era uma professora agregadora, gostava de estar presente no meio dos jovens e SE fez presente em todas as turmas em que ela lecionou…gostava de um bom papo, uma cerveja gelada e um cigarrinho…cada “fumada”, um papo…uma troca…um conselho…e nós sempre íamos com ela ao “fumódromo” mesmo os que não fumavam…pois ali ela era só “da gente”, sem interrupções…sim, ela era muito ocupada…tanto, que querer uma hora do tempo dela lá na Universidade, era complicado…sempre chegava um ou outro e ela sempre atendia a todos…mas se na Universidade não dava, não tinha problema, ela levava os orientados pra casa dela…isso realmente eu nunca vi nenhum fazer…dava a janta e o seu tempo de folga, para se dedicar exclusivamente para o seu orientado…lá ela fazia a gente realmente se sentir único…ou ela mesma cozinhava, ou o Pedro cozinhava…sempre abriram sua casa da forma mais amorosa do mundo…lá ficava eu até as 6hs da manhã (como aconteceu) algumas vezes durante meu mestrado…e ela não se importava…ela queria era que tudo fosse perfeito…ela te estimulava a fazer coisas que a gente nem imaginava poder fazer, como por exemplo escrever um artigo todo em inglês sem usar o google tradutor, afinal ela saberia na hora da correção…dessa forma ela te instigava a ler, a ler muito…pois só escreve bem quem muito lê…como ela dizia isso…ela não era só um professora parceira, uma orientadora presente e amiga…ela era uma mãe…uma confidente…era carrasca tbm, mas afinal de contas quem cobra, em algum momento tem que ser “o chato”…ela comprava tuas dores, teus amores….ela era presente…e ela ainda hoje, após 2 anos e 6 meses da sua ausência…ela SE FAZ presente…tudo que me ensinou eu carrego comigo…cada coisa que eu vejo e que sei qual seria a sua postura frente aquela situação eu SEMPRE digo “a Cláudia faria de tal forma”…foram 6 anos de convivência quase que diária…6 anos de muita parceira e companheirismo…6 anos que se transformaram na eternidade para mim…é impossível esquecer da única pessoa que brigou por mim da forma que ela brigou…e quem me conhece sabe do que eu estou dizendo…eu sou grata eternamente a ela e sinto muitíssimo não ter tido tempo de poder dizer para ela o quanto ela era importante, e ainda É…hoje, no dia do professor, minha homenagem é pra ela, a pessoa que vestiu a roupa da profissão, que acolhia, que estimulava, que ensinava e que amava aquilo que fazia…hoje, professora Cláudia, o dia é teu…aquela que foi, que é, e que será para sempre, uma das pessoas mais importantes que passaram pela minha vida…pq se um professor deixa um pouquinho de si em cada aluno, tu deixou muito de ti em mim…te amo, pra sempre sua orientada!

Mais um outubro

Entramos no mês do teu aniversário, será o terceiro sem que estejas aqui.

A vida seguiu, a audiência diminuiu, percebo, mesmo aqui no blog, que antes, quando eu publicava um texto, liam umas mil pessoas, hoje não passa de cem.

É normal que isso aconteça, outros casos vieram, outras pessoas desapareceram ou foram assassinadas, para nós que te amamos tu não és mais um caso, és a Cláudia.

Algumas pessoas continuam ali, firmes e forte, querendo saber o que aconteceu contigo, não deixando que outros te esqueçam, a elas o meu muito obrigada!

Saudades Cláudia!