Quinze

claudia

Foi um dia difícil, cheio de lembranças, simplesmente me deixei ficar nele. Sentei no sofá e lá fiquei esperando passar, a TV estava ali, ligada, as séries se revezavam, mas na minha cabeça os filmes eram outros.  Uma vida cheia de paralelos a nossa minha amiga, 15 é significativo para ambas, o nascimento do teu pai e o do meu único irmão, ambos falecidos, no mesmo ano. Sofremos juntas e superamos também, se é que uma ferida latente possa ser superada, acho que aos poucos nos acostumamos com a dor, de aguda passa a crônica e vamos levando os dias. Nunca perdemos a esperança e o otimismo, é uma marca nossa seguirmos em frente esperando dias melhores. Mas em abril de 2015 algo se quebrou em mim, não sei explicar, só sinto que nunca mais será igual, que, por mais otimista que eu seja, me roubaram boa parte da minha esperança. Sonhei contigo na véspera do dia 15, tinhas voltado, me dissestes que estavas na lagoa do peixe, era apenas uma explicação, nenhuma de nós estava feliz, sabíamos que a tua presença não era real, apesar de falar contigo. Sempre penso ser uma mensagem. Quando me falastes onde estiveras vi o sol brilhando acima dos juncos na água. É um lugar lindo. Essa noite foi difícil dormir, pensando em tantas outras coisas que nos aproximaram, no sonho, no que foi e nunca mais será… Parte de mim se apagou com o teu desaparecimento.

Violência

image

Em 2008 sofri um assalto a mão armada, levaram meu carro, minha bolsa com todos os documentos e meu celular. Me arrancaram de dentro do meu carro com uma arma na cara e depois de tudo me deram uma coronhada tão forte na nuca que caí no asfalto, desfalecida, enquanto eles arrancavam cantando pneus. Mas o pior de tudo foi a fragilidade e impotência que me assolou, me senti exposta, frágil, enfraquecida. Levantei rápido,  tremia muito, atravessei os 30 metros que me separavam do portão de ferro da entrada do meu prédio,  toquei o interfone e tudo o que eu mais queria era que aquela porta abrisse mágica e instantaneamente, tal era o meu estado de emergência. Meu filho atendeu e só consegui balbuciar, fui assaltada. A porta de ferro não se abriu, ele nervoso saiu desvairado escada abaixo porque o elevador não estava no nosso andar, deve ter descido em segundos, mas para mim foi uma imensidão de tempo, onde me segurava nos ferros para não cair, desesperada. A polícia chegou super rápido e me conduziu para delegacia para os devidos registros, dali para o IML, exame de corpo de delito e hospital, a coronhada tinha resultado num hematoma perto do cerebelo, foram 5 dias acamada esperando o desinchar da região, que trazia perigo ao coração e de parada respiratória. Toda essa narrativa foi apenas resultado de um filme sobre violência que assisti hoje. Na hora lembrei de tudo isso e a conexão com a violência que sofrestes foi imediata, eu tive apoio dos filhos, amigos, incondicional, tu estavas dentro de casa, supostamente protegida,  estavas sozinha, espero que Deus tenha te sustentado, só tivestes Ele por ti.