Esclarecimentos

Mais um texto da Lisa, com muita informação…
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ESCLARECIMENTOS  – Lisa Siqueira
Fui bloqueada na página Desaparecida Cláudia Hartleben porque passei a questionar e discordar de suas práticas, mas, como fui citada e meus textos antigos foram publicados por mais um dos tantos perfis fakes que circulam por lá, Lua Lu, sem minha autorização, acredito que tenho direito de resposta. Se é a verdade que todos buscam, então vamos a ela:
Participei ativamente da página por algum tempo. Aqui fiz algumas amizades virtuais e entrei em alguns debates inbox, por um grupo criado por mim mesma. Chamei algumas pessoas, que considerava sérias e amigas para conversarmos em grupo no bate-papo. Fiz isto umas duas ou três vezes e todas essas vezes foram para reclamar dos bloqueios e exclusões. Depois, o grupo continuava, mudando de assunto e falando sobre vários aspectos do caso. Nas conversas em grupo vai se percebendo muitos pontos importantes e como sou boa observadora e muito reflexiva, algumas questões começaram a me chamar mais atenção. Havia nesse grupo uma pessoa que levava muitas informações, minúcias que somente quem conviveu com a Cláudia ou participa diretamente das investigações poderia saber. Como essa pessoa tem uma personalidade muito instável e fala demais, comecei a achar estranho que ela soubesse tanto de uma investigação feita em sigilo. Fui pesquisar e descobri que ela nunca esteve na casa da Cláudia e que nunca foi próxima do núcleo familiar dela. Apenas é conhecida de algumas pessoas da família, tias da Cláudia, mais especificamente. Ora, se somente as pessoas que frequentam minha casa habitualmente podem dizer o que ocorre dentro dela, obviamente tem algo errado quando alguém que nunca esteve dentro da minha casa sai falando de coisas que acontecem comigo dentro das quatro paredes do meu lar. Se esta pessoa não é advogada nomeada da família, não é da família, nunca entrou na casa da Cláudia e não trabalha na polícia ou na promotoria, como pode saber de tantos detalhes? Presumidamente se trata de fofoca e fofoca não merece crédito. A pessoa em questão chegou ao absurdo de afirmar que ficava sabendo de algumas coisas pela própria Cláudia, quando a encontrava na feira, no sábado de manhã. Alguém consegue imaginar a Cláudia divulgando sua vida na feira? Nem eu, que não a conheci nem de longe, vislumbro tal situação. No entanto, essa pessoa tem muito mais crédito dentro da página que qualquer um que realmente tenha conhecido a Cláudia.
Vocês devem estar se perguntando, a esta altura, como eu tive certeza que eram só fofocas. Da única maneira possível: perguntando para as pessoas que conheciam a Cláudia, que conviviam diariamente com ela, que frequentavam a sua casa, a casa da sua mãe, enfim, que construíram suas histórias no entorno e com a história da vida da Cláudia. Então, eu me dei conta que deveria ter feito isso desde o princípio, saber e conhecer a Cláudia através das únicas pessoas capazes de me dizer a verdade sobre ela e sobre tudo que aconteceu, até o limite que elas mesmas sabem. Se meu propósito é somente contribuir na busca pela verdade e por justiça, é na única verdade e justiça possíveis que devo encontrá-las. Não há verdade nas suposições de quem nunca, sequer, conversou com a Cláudia. Dizer-lhe “oi” ao encontrá-la, mesmo que na feira da cidade ou nos corredores da Ufpel, não é conhecê-la e saber o que acontecia com ela no seu dia a dia. Conversando então com as únicas pessoas que realmente conheciam a Cláudia eu fiquei sabendo de algumas coisas e vou dividi-las com vocês, pois não aguento mais ver tanta maledicência a respeito de aspectos tão sem importância para quem não faz parte da história, mas que tomam uma proporção gigantesca na boca, ou nos dedos, de pessoas de má-fé: CONTINUA AMANHÃ NO BLOG

Palavras ao vento…

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São tantas coisas ditas sobre o desaparecimento da Cláudia que a família e eu, que deveríamos estar nos preocupando exclusivamente com ela, temos que perder o nosso tempo, o nosso sofrimento, com pessoas desnecessárias. Está faltando humanidade…

RESPOSTA AO PERITO George Sanguinetti

Sr. Sanghinetti estranho a informação de que o irmão da Cláudia tenha dito que não era ela que estava dirigindo o carro, isso não é verdade, em todos os depoimentos ele diz que OUVIU a irmã chegar, nunca que viu. Ninguém da família viu qualquer coisa, nem o filho que estava em casa naquela hora. Sobre o modo de estacionar o carro ele estava no mesmo lugar de sempre, o lugar que a D. Zila mostrou em todas as reportagens, sem fazer qualquermenção de que a filha, minha amiga Cláudia Hartleben, não estacionava daquela forma. Como o senhor sabe que “o corpo foi transportado para uma região distante.”, o senhor viu?! Por favor diga onde ela está, para a família é tudo o que importa! Como o senhor sabe dos telefonemas, como teve acesso a essas informações? De forma ilegal?! São muitas afirmações para um processo que está em sigilo Dr. Sanghinetti, muitas!

Dr. Sanghinetti o irmão da Cláudia, como foi amplamente divulgado, é doente e interditado, por favor não coloque palavras na boca de uma pessoa que não tem como se defender nas redes sociais!

Os cachorros da casa conheciam todos os chamados “envolvidos”, inclusive o ex marido com quem conviveram.

Ao contrário do Senhor que nunca esteve em Pelotas e sequer conhece de quem está falando, não se dirigiu aos familiares que o procuraram e lhe deram informações, eu conheço essas pessoas, pessoas que me são caras e que amo!

Feliz aniversário Cláudia!

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Esse texto não é meu, é da Lisa Siqueira, que, apesar de ter conhecido a Cláudia pelas redes sociais de uma forma distorcida, procurou saber quem ela realmente é e como é a sua vida. Sem saber que era o aniversário da Cláudia, essa madrugada ela precisou escrever sobre ela, um texto forte, inspirado numa performance de alunos da Universidade onde a Cláudia é professora.

“O GRUPO AUTO ORGANIZADO DE MULHERES DA UFPEL, O CASO CLÁUDIA HARTLEBEN E A REAÇÃO DAS PESSOAS.

A performance nua e crua do “Grupo auto organizado de mulheres da Ufpel” e a reação das pessoas que presenciaram os atos, fez-me pensar em um caso que diz respeito a todas as mulheres, a todos os homens e também à própria Universidade Federal de Pelotas.
Há quase 7 meses a professora Cláudia Hartleben, coordenadora do curso de Biotecnologia da Ufpel, desapareceu misteriosamente. Cláudia foi retirada do convívio da família, dos amigos, dos colegas e dos alunos. Ela estava vivendo um momento muito feliz na carreira, pois, após anos de estudos e pesquisas, finalmente teve seus esforços reconhecidos, sendo homenageada por seus alunos, tendo um importante artigo aceito para publicação e conquistado resultados muito positivos em sua pesquisa sobre uma vacina contra a leptospirose. Cláudia também estava muito feliz em sua vida pessoal. Apesar do difícil casamento anterior, refez-se e tinha um bom relacionamento com o atual companheiro. Mas, naquele fatídico 09 de abril, sumiu como que por encanto. A polícia ainda não apresentou elementos que possibilitem o indiciamento de um culpado, mas, já garante que se trata de um homicídio e o ex-marido de Cláudia figura como um dos principais suspeitos.
No próximo dia 04/11, João Morato Fernandes comparecerá a uma audiência para responder à denúncia de agressão registrada pela Cláudia, contra ele, em 2013. A agressão ocorreu dentro dos limites físicos da Ufpel, quando o ex-marido teria se aproximado dela e passado as mãos em seus seios e suas nádegas, dizendo-lhe, diante da reação negativa dela: “antigamente você gostava”. Apesar da humilhação, da vergonha e da dor emocional a que foi submetida, Cláudia não queria registrar a queixa, mas, acabou cedendo aos apelos de um colega que presenciou a cena lamentável. Uma amiga muito próxima da Cláudia me confidenciou que ela teve motivos, pelo menos mais quatro vezes, de registrar agressões sofridas pelo ex- companheiro, mas, não o fez, com medo de magoar o filho, fruto desse casamento falido. Contra ele há outro registro de agressão cometido em 2001 a uma cunhada, casada com seu irmão. Também há o relato de agressão a uma tia da Cláudia, à época com 70 anos de idade. Mas, o que o teatro escancarado do grupo da Ufpel tem a ver com o caso Cláudia Hartleben, além de denunciar a violência? A reação das pessoas que o assistiram é muito semelhante à reação de algumas pessoas diante da tragédia vivida por Cláudia em seu passado e que pode ter culminado com sua morte.
Em uma página criada supostamente para exigir justiça por Cláudia, li algumas manifestações de mulheres, isto mesmo, MULHERES, afirmando que o ex-marido não pode ser considerado culpado pela provável morte da Cláudia, apenas pelo “histórico do passado”. Outros comentários sugerem que “não houve agressão física, fora apenas um mau entendido”. E ainda há as que o acham “queridinho”. O fato dele ter agredido a Cláudia e, pelo menos outras duas mulheres, não comprova que ele é um assassino, mas, comprova que ele é um AGRESSOR e os agressores estão em todas as partes, ferindo mulheres inocentes, provocando-lhes dor física, emocional e moral. Os agressores podem ter um aspecto físico horripilante e também podem ser homens bem apresentáveis, muito bem vestidos e cheirando a perfume importado. Os agressores podem ser homens de intelecto limitadíssimo, incapazes de juntar poucas palavras e formar uma frase e também podem ser mestres e doutores. Os agressores podem morar em favelas e também podem morar em apartamentos bem localizados nos centros das cidades. Os agressores podem ser homens com quem nunca tenhamos cruzado em toda a vida e também podem ser homens a quem tenhamos jurado amor eterno, tido filhos e os homenageado em trabalhos acadêmicos. O agressor da Cláudia é um homem de boa aparência, muito inteligente, possui título acadêmico, mora em um apartamento bem localizado, é rico e ainda assim é um AGRESSOR! Ele pode não ser um assassino, mas, ainda assim é um AGRESSOR! Ele é o pai do filho que a Cláudia tentou proteger por anos, mas, ainda assim é um AGRESSOR! Ele pode “apenas” ter passado a mão na Cláudia, mas, ainda assim é um AGRESSOR! Ele pode parecer “queridinho” para algumas mulheres, mas, ainda assim é um AGRESSOR! A Cláudia não vai estar na audiência do dia 04 para contar sua história e se defender, porque um AGRESSOR tirou dela esta e tantas outras oportunidades, mas, o ex-marido, o motivador desta audiência vai estar lá e ele é um AGRESSOR!
Infelizmente, servidores e alunos da Ufpel se escandalizaram com a performance das mulheres que denunciavam os abusos físicos e psicológicos sofridos por outras tantas mulheres no mundo, no país, no estado, na cidade de Pelotas, na própria universidade. Infelizmente, mulheres minimizam as agressões sofridas pela Cláudia, distorcendo os fatos, tentando idealizar um homem que não existe, sabe-se lá com que finalidade. O fato é que a violência contra as mulheres, em todas as suas formas precisa acabar. Há que se desnaturalizar o naturalizado, o tido como normal, como aceitável. O escândalo é a agressão, o ato criminoso, covarde e desumano que violenta, humilha, destrói e muitas vezes mata. A MULHER É A VÍTIMA E A CULPA NÃO É DELA!
Distorcer, colocar “panos quentes”, abafar, minimizar, naturalizar a violência contra a mulher é agredi-la duplamente. A Cláudia foi agredida e sua voz já não pode mais se levantar contra o seu agressor. Porém, a minha voz e a tua voz, ainda podem ser ouvidas. Não nos calemos, pelo menos, não nós mulheres, diante de tamanha covardia e por quem já não está mais aqui para se defender.
EU, MULHER, RESPEITO-ME E POR ISTO, TAMBÉM RESPEITO A MULHER CLÁUDIA.”

Ao pé do ouvido

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A nossa conversa não pode ser olho no olho, então, que tal ao pé do ouvido?! Vim te falar que não te perdoo! E já tem algum tempo que assim o faço… Por mais que eu queira, que os ensinamentos que recebi a vida toda me digam para te perdoar, não consigo, porque teimas em reincidir, tornas a fazer a mesma coisa, então porque te perdoar?! Não queres o perdão e sim a condenação, porque para te absolver, já diz a Bíblia, precisas da remição dos teus pecados, precisas te arrepender e não vejo sequer a intenção de… Todos os dias repetes o que não deverias, és um engodo, uma farsa, triste em quem em ti confia. Então escuta baixinho, porque não gosto de gritar, além do mais, sempre me pareceu que os semitons são mais eficientes, eficazes, tu és uma criatura injusta, a iniquidade te pertence e faz muito tempo que a carregas, portanto, não te perdoo! Porque sem perdão atingistes uma das pessoas a quem mais amo na vida, como podes?! Estás iludindo os incautos, não entendo como confiam em ti, nem dignidade tens, és tão ignóbil, tão miserável que não suportarias um pequeno brilho, ínfimo, ao teu lado, e aí usas os teus ardis. Pobre de quem é pego em tuas emboscadas. Te despi a alma em pouco tempo, pude ver o quão taciturna criatura és. Mas não tentas nada para mudar, acho que sentes prazer na tua perversidade. O teu orgulho te consome e varres quem consideras inimigo. Não tens a humildade, a sobriedade de refletir, colocar a mão na consciência e, ao menos, conjecturar que esse nunca foi o caminho certo a ser seguido. Podias realmente ser outra pessoa, mas escolhestes uma vida ordinária, tinhas opção, mas a tua comodidade não deixou. Só esqueceram de te dizer que essa inércia não te levaria a nada, terias uma vida vazia, aliás, tens, precisas dos medíocres para preenchê-la… Essa é a tua diferença da Cláudia, ela tem o brilho que nunca conseguirás sequer alcançar! Estou dizendo isso bem baixinho, ao pé do ouvido… por isso não te perdoo!

O Enem

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Sendo mulher todos os dias você acaba percebendo alguma dificuldade na sua frente. Ótima escolha para a redação do Enem.  Antes de nascer toda família deseja um filho homem para agradar o pai. Sempre desejei uma menina, sou do contra,  queria uma companheira. Na infância os meninos nos atropelam, correndo agitados, expondo sua agressividade, bem, comigo foi assim, do jardim a segunda série era chutada por dois coleguinhas. Aí você é uma criança gorda, menina gorda, pense,  discriminação em dobro. Aí chegam as regras, te ensinam como uma menina deve se comportar em sociedade, mas, principalmente, o que não pode fazer. Homens podem quase tudo, menos chorar. E como são incentivados ao sexo. E como as meninas são castradas, nos dois casos imagino a confusão mental. E olha que estou falando coisas simples, de uma criança normal, sem maiores traumas. Na vida adulta tudo fica mais engessado, mulheres perfeitas tem que casar, ter filhos e ser feliz, a felicidade imposta por nossa sociedade, não importa se entre quatro paredes ela apanha. Porque a sociedade é hipócrita, extremamente hipócrita. Mulheres não defendem as próprias mulheres, o homem sempre merece perdão, a agressão tem justificativas. Não aceito, nunca aceitei, nunca. Sempre incentivei a denúncia, muito antes de qualquer lei.  Me espanta quem diminua, desdenhe ou desmereça a mulher, seja criança, adolescente ou adulta. Minha melhor amiga sofreu com a violência, deu a volta por cima, denunciou e foi ignorada, onde ela está agora?!

Humanidade

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É seca no centro oeste, com o fogo lambendo o cerrado, fumaça, baixa umidade. É muita chuva no sul, água varrendo as casas e as pessoas estão desalojadas. É gente falando sobre o que não sabe como se fosse a absoluta verdade, desconsiderando o seu semelhante, iludindo as pessoas de boa fé. É político safado roubando e desviando recursos para o exterior se fazendo de santo e usando o nome de Deus em vão. É criança na TV cozinhando e tendo sua imagem usada por pedófilos. Somos nós seres humanos descaracterizados frente a natureza e a nós mesmos. É a Síria, Eritreia, Afeganistão, e outros tantos países em guerra civil matando ou expulsando seus filhos. Seja no micro ou no macro social, quando vejo esses acontecimentos fico angustiada, são coisas diferentes, eu sei, mas juntou tudo. Hoje estou cansada dos meus semelhantes e olha que sou dura na queda, mas existe uma hipocrisia que justifica qualquer ato, a natureza só está fazendo a parte dela, sendo natureza. Vamos aos hipócritas do micro mundo, pois é onde nasce todo e qualquer mal: podem mentir em prol de um bem maior, os fins sempre justificaram os meios, então vale; forjar falso ataque e pedir ajuda, mas não provar quem está atacando, é só mais uma mentira; inventar perfil falso que os defenda e caluniar os outros pode, mas perfil inventado que lhes digam verdades não, isso é grave; mentir, iludir, omitir é aceitável; usar a dor alheia sem escrúpulos é tranquilo, a vaidade assim o deixa; urdir, tramar em grupo, arquitetar em paralelo, pode perfeitamente; achincalhar também; brincar de Deus, conduzir as massas, conspirar; tudo isso é permitido, inclusive se divertir com a vida alheia, afinal, como vocês acham que os grandes males da humanidade surgiram?! Foi com carência da bondade, da ética, ausência de caráter, imoralidade, indignidade e falta de vergonha na cara. Você pode ter estudo, se vangloriar dos títulos que tem, se envaidecer de liderar pessoas, mas nada vai tranquilizar a sua consciência quando cair a sua ficha que isso é só um momento, seus 5 minutos de fama, porque na verdade, na verdade mesmo, você não é nada, porque lhe falta a grandeza de um verdadeiro ser humano, você carece da hombridade de uma pessoa chamada Cláudia, da sua nobreza de alma, da sua altivez e isso dói… Tente sair do seu círculo vicioso de velhacagem, bandalhice, canalhice, calhordice, baixeza, sordidez, injúria e vilanagem, aí talvez, quem sabe, Deus lhe dê uma chance de recuperar a sua humanidade.

Laranjal

Laranjal

Para quem nasceu em Pelotas o Laranjal é sempre uma referência, a nossa praia doce, que quando é invadida pelo mar se torna transparente, com águas deliciosamente verdes, um espelho onde nascem o sol e a lua. Chegam peixes e camarões, siri, uma delícia passar os verões, desfrutando dessas benesses. Minha praia era o lugar das minhas aventuras, subir de bicicleta até o morro da caixa d’água e descer sem freios, loucuras de quem sequer imaginava que nos diversos cruzamentos poderiam ter carros;  atravessar a mata a pé para ir até o convento das Carmelitas, ganhar santinhos e orações; caminhar do balneário Santo Antônio o balneário dos Prazeres, nosso popular Barro Duro,  na noite do dia 1º de fevereiro; acompanhar a procissão de barcos no dia seguinte; ir até a Barra ou a Z3 comprar peixe e camarão frescos, quando criança tinha umas duas casas de pescadores, onde hoje fica a avenida Jorge Ivan da Costa Gertum, eles que nos forneciam; fazer luau na praia; piquenique com as crianças na areia; ver o sol nascer dentro da lagoa e o por-do-sol a sua beira ou simplesmente ir para a praia duas vezes ao dia, até três. São recordações muito doces, muito boas e vivas dentro de mim, felizmente pude compartilhar com os meus filhos essas aventuras. Nossa família tem um carinho imenso por este lugar. E o nosso Laranjal transbordou a Lagoa está cheia invadiu a areia, as ruas e as casas de ponta a ponta, foi da Barra a Z3. Lembro de vários verões quando a chuva não parava e as ruas enchiam, já vi a Lagoa recuar muitos metros, vi uma ressaca também, creio que foi em 2001, mas não lembro de uma invasão de águas como essa. Chove no Rio Grande do Sul, muito, o Guaíba em Porto Alegre também subiu e entrou na cidade, joga a água na lagoa, não tem vasão pelo São Gonçalo, virou um imenso saco de águas invadindo as cidades e os campos a sua volta. Nos conhecemos num verão a beira da praia, muitos foram os veraneios lá, muitas são as minhas recordações. Quantas vezes ficastes com os meus filhos no Laranjal para eu poder ir trabalhar. Na última vez que nos vimos falamos da lagoa, o quanto é perigosa e engana os que nela se aventuram, navegar ali não é fácil. Um dos locais mais belos que conhecemos está assustador, há uma semana. O Laranjal sempre será a minha morada, por mais lugares que eu conheça, ali está o meu coração.

Novela

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De repente eu me vejo dentro de uma novela cheia de tramas e lembro que certa vez a escritora Glória Perez foi perguntada de onde tirava as suas idéias para escrever suas novelas consideradas exageradas e ela respondeu, da vida real, tudo o que escrevo é baseado em histórias que ouvi, ela mesma passou por uma inacreditável tragédia pessoal logo depois dessa declaração. O desaparecimento da Cláudia é surreal, sim, inexplicável, não há pior sentimento do que o de impotência. Quem perpetrou o fez ardilosamente, no meio da noite deixando a todos nós perplexos, atônitos. A falta de qualquer tipo de informação que pudesse esclarecer o que de fato aconteceu deixou uma grande janela aberta, não estou falando aqui da investigação policial ou do Ministério Público, estou falando daquela noite, do sumiço, a incógnita. Esse vasto ponto de interrogação trouxe consigo as teorias, as mais diversas, inusitadas, surpreendentes. A cidade toda comenta, discorre, entrefala e em meio a esse burburinho existem palavras que confortam e palavras que ferem. Ao transformar o desaparecimento da Cláudia em uma novela se abstraiu o ser humano, se tornou um folhetim, e folhetim se comenta abertamente, sem pudor ou restrição. Muitas coisas me ocorrem ao perceber e tentar analisar os comentários, uma delas me choca, a frieza das palavras. Ao alienarem o humano o controle deixou de existir, percebo o brinquedo de detetive, desenham-se cenários, possibilidades, motivos, e o envolvimento das pessoas. Pessoas com as quais a Cláudia convivia e as quais amava, é doído ler, ver essa exposição, tentar entender o porquê da escolha dos personagens para os diversos roteiros de novela. A falta de qualquer tipo de informação predispõem as pessoas a esse jogo. Mas existe um excesso de palavras que beiram o desrespeito. A amplidão de enredos embarca qualquer uma das pessoas que conviveram com a Cláudia, então, caso um dia soubermos o que aconteceu de verdade, alguém irá gritar, viu, eu acertei!  Vários foram os apontados, sem qualquer prova. Quem dá o direito as pessoas de serem injustas?! Ninguém, ninguém sabe o que ocorreu. Nessa novela grotesca vejo estórias (não escrevi errado, invenção só pode ser tratada assim) surgindo como verdades absolutas, servindo de alicerce para raciocínios que induzem ao erro e me pergunto se é intencional. Porque qual é a lógica de se construir uma teoria em bases falsas?! Qual é a intenção?! Mas a pior parte é quando a vítima começa a ser julgada, quem sofreu a violência foi a Cláudia, não há nenhuma razão para se teorizar em cima dessa violência com o demérito da sua pessoa, que sempre se pautou pelo que era certo, que procurou a vida toda seguir o caminho correto, que deu provas de sua generosidade. Será que ao desmerecer essa pessoa que me é tão valiosa, vítima de um ato de violência ímpar, já estão construindo as bases de uma futura defesa?!

Profusão

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E a semana de trabalho reiniciou, foi um longo final de semana, tempo demais para pensar, me vi percorrendo longos e intermináveis lugares e suposições, retornando e percebendo que a memória que sempre foi considerada irretocável não é mais assim. Tudo o que considero importante está comigo, preservado, mas quero mais, quero detalhes, pequenas minúcias, pormenores que poderiam fazer a diferença. A idade se encarregou de deixá-los escondidos em algum lugar. Vi uma animação Divertida Mente (Inside Out) adorável, descreve o funcionamento das emoções dentro do cérebro de uma garota de 11 anos,  e, nesse processo, aquilo que vai ficando eternamente guardado e as memórias que com o tempo vamos desprezando. Tenho vontade de ir te relatando tudo o que vejo e gosto, como as conversas me fazem falta, como querer saber de ti me enlouquece… Estava pensando outro dia, me ocorrem coisas loucas, será que se ainda morasse em Pelotas eu seria uma das pessoas a quem as outras considerariam suspeita?! É uma loucura, eu sei, mas as pessoas julgam tudo e a todos sem perdão, apontam, traçam teorias e pronto, suspeito. De certa forma me deu um alívio não morar em Pelotas, não suportaria ser apontada injustamente por fazer qualquer coisa de ruim contigo. Aí penso, o que acontece com as pessoas para viajarem na maionese, como falávamos?! São muitas as viagens, muitas cabeças pensando e me fazendo lembrar da minha animação, divertidas mentes, mas isso não é uma história, muito menos divertida, é triste, desgastante, me vejo numa redundância de pensamentos intermináveis. Essa profusão que não leva a lugar nenhum. Minhas sinapses enlouqueceram, nisso tudo sobejamos no limbo, acho até que o limbo seria melhor mesmo, as vezes ficar esquecido é até melhor, não ter que responder as intermináveis perguntas. Elas nunca acabam, somos centrais de informação, os esclarecimentos necessários sem problema, mas ouvir as abobrinhas alheias nunca foi o meu forte, enquanto escuto, viajo em minha mente, vagando sem destino, até religar no tranco para mais uma pergunta e a devida resposta, já se tornou um hábito. Tem dias piores, dias de saudade aguda que não suportam opiniões obtusas. Aí minha amiga, é melhor se travestir de medíocre… como a profusão das teorias sobre o teu desaparecimento.

Viajei …

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Lagartear ao sol comendo bergamota, existe coisa mais gaúcha do que isso?! Coisa boa um solzinho depois de dias de chuva, de frio, de paredes escorrendo de tanta umidade, aí ele aparece majestoso, brilhante e sentimos o cheiro de fruta, ah como é bom!  Talvez seja tão bom pelos dias ruins que antecederam, só sei que essa união de sol + bergamota é o máximo! Outra sensação deliciosa é perceber que o vaso ou canteiro que recheamos de sementes está brotando, me lembra o mesmo frisson de criança, vendo brotar no algodão molhado os feijões que ali deitávamos, não esqueci do aroma que vem da terra nas chuvas de verão, quando corríamos para nos molhar. Sentir o cheiro do café de manhã cedo, coado, ou do chimarrão quando jogamos a água levemente quente para a erva inchar, aspirar o odor do pão assando na padaria  e do bolo no forno para o café. Ahhh, o Café 35, na Osório, fazendo torrefação e inundando a cidade com o perfume. Todas essas coisas me transportam para o sul em que nasci, cheiro da minha vida ali, cheiros da minha saudade! Tenho dias de saudade, coloco as minhas músicas gaúchas, não tô falando só das regionalistas, elas também, mas Nenhum de Nós, Vitor Ramil, Rock de Galpão, Kleiton e Kledir, todos os que vou lembrando, viajo para a minha planície cheia de coxilhas e capões, volto as minhas raízes, o que me construiu e me faz falta. As recordações povoam a mente e o coração, o peito aperta, não é tristeza, é falta, porque sinto isso, falta do que foi bom, com gosto de passado.  Tem um disco do Piazolla com o Gerry Mulligan que me traduz nessas horas, um tango com jazz perfeito, conheci quando tinha 17 anos, desde então ele representa essa falta do meu passado.  Fecha os Olhos e Ouve, pode existir um título de música mais perfeito?! Acho que não…  Viajei na saudade Cláudia…

Tresloucada

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Tenho pensado muito naquilo que vou escrever, por mais que me sinta livre para te contar qualquer coisa, a forma que encontrei para falar contigo nesses meses é pública, sujeita a questionamentos, julgamentos, interpretações, eu sei o que escrevo, mas quem lê assimila a sua maneira, não é olho no olho… Outubro entrou com o ranso da coletiva sobre o teu caso, 2+2 deixou de ser quatro, virou, filosoficamente falando, qualquer número e resultado, qualquer coisa que as pessoas queiram… A acepção de tudo o que é dito, escrito, ouvido é pessoal, meu marido sempre diz que a verdade é individual, assim não temos uma verdade única, não é mesmo?! Como pegar o obscurantismo de tudo o que aconteceu e transformar numa verdade crível, mas o que aconteceu?! Estás viva, estás morta, fostes tirada a força de casa, saístes porta a fora num surto, estavas lúcida, estavas desacordada?! Não tenho resposta para nenhuma de minhas perguntas, nada está claro, não há pista alguma. Remoer minhas perguntas virou uma constante, acredito que para todos os teus próximos é assim, todos os dias, todas as horas… Vês como me tornei repetitiva?! Virou uma ruminação, sem nenhuma resposta! Assisti a um filme com a Catherine Deneuve, O Homem Que Elas Amavam Demais, seria apenas mais um filme, caso não abordasse o tema desaparecimento, me pegou de surpresa, era baseado em fatos reais, o da família Le Roux. Fiquei ali perplexa comparando tudo ao teu desaparecimento, tentando fazer uma analogia. Assim como eu há uma mulher que busca por respostas, mas é uma mãe, um sofrimento ímpar. Que aperto, ansiedade, medo… E se nunca tivermos uma resposta?! O “se” impera em nossas vidas no momento, brecou, tropeçou, empacou, parte segue, parte fica… Neste mês é o teu aniversário, me pergunto constantemente como será, nenhuma réplica… Senhor só uma resposta, só uma… O vazio ecoa fortemente, até a física faz sentido em alguns momentos, só temos o vácuo. Me pego tentando adivinhar qual seria a melhor resposta as minhas perguntas, te digo, seria saber que tivesses um lapso de memória, saístes porta a fora, tresloucada, vagando pelo mundo, sem memórias, sem ao menos saber quem és tu, livre, leve solta… Meu maior desejo, minha esperança…